Esta é a Maria de Jesus Ladeira Martins, a minha querida avó materna. Aqui
fica a MINHA versao/visao de quem foi esta MULHER portanto, é como EU a
vivenciei e do que EU soube da história dela, resumidamente claro.
Nascida a 8 de Dezembro de 1934 em Angola e falecida a 29 de Março de 2022
aos 87 anos de idade em Portugal. Teve 3
filhos sendo a filha mais velha a minha maezita. Foi uma crianca que perdeu a
mae muito nova, perda essa que lhe foi a mais dolorosa pois sempre me falou de
quantas saudades tinha dela. Talvez por nao ter tido uma MAE enquanto cresceu
que nao soube, ela mesmo, ser uma mae para os filhos dela. E aí umas das grandes
falhas.
Em compensaçao foi para mim e, acredito que para a minha irma também, a melhor
avó que uma neta poderia ter desejado. Nunca me deixou na mao e ajudou-me
sempre que podia até mesmo quando nem para ela tinha... Uma pessoa com um
coraçao enorme e sempre sorridente. Uma mulher sempre muito á frente do seu
tempo, que sabia imensas linguas e trabalhava com um computador como ninguém para
a idade que tinha. Possuidora de todas as redes sociais (Instagram + Facebook +
Blogger) só nao tinha Tiktok pois quando começou a ficar conhecido ela já
estava muito doente e sem grande capacidades mas gostava de ver os meus.
Fez de tudo na vida: de mulher das limpezas a chefe de secçao durante
muitos anos numa das maiores empresas de minério de Portugal. Devota a Deus
fez-me conhecer diversas religioes para que assim pudessemos saber aquela que
mais se encaixava no nosso coraçao crente. Mas dava para perceber que era alguém
muito carente.
Nunca teve a
melhor relaçao com os filhos: perdeu o filho quando ele tinha apenas 9 anos de
idade, deu a filha mais nova para viver com o pai e famillia paterna (pensando
ela que a estava ajudar – foi assim que ela viu as coisas naquela altura da
vida) e praticamente viveu a vida toda na casa da filha mais velha (minha mae) –
ainda viveu 3 anos comigo na Belgica até ter sido repatriada de volta a Portugal
e regressar de vez para casa da filha e lá ter ficado práticamente até falecer.
Em relaçao á filha mais nova só voltou a re-encontrar 40 anos depois que, mal soube do paradeiro dela foi a correr fazer
um empréstimo para a visitar nos EUA. Pelas fotos vi a felicidade estampada na
cara dela para depois de nada lhe servir... a vida é muitas vezes madrasta....
Na minha vida ela teve um papel muito preponderante para contradiçao da
minha mae interferindo muito na educaçao que nos estava a ser dada. Ela protegeu-me
muito até mesmo nos momentos que foram mais diiceis na minha vida (numa
tentativa de suicidio e na perca de um filho que tive entre os meus dois filhos).
Assistiu ao parto dos meus dois filhos e tomou conta da minha filha até ela ter
3 anos por isso, foi sempre uma pessoa muito presente. Infelizmente foi ameaçada
de morte quando o meu ex lhe apertou o pescoço com o intuito de lhe fazer mal mas
que, graças a Deu nao acabou em tragédia e ela ainda o perdoou. Sempre perdoou
quem lhe fez mal, até mesmo a quem tirou a vida do próprio filho.
Teve até uma vida longa para quem fumava demasiado, a meu ver. Teve a sorte
de termos sido 5 geraçoes vivas e de ter podido conhecer o trisneto.
Uma mulher muitas vezes incompreendida pois nada falava do que sentia ou do
que a incomodava – para mim senti que preferiu ficar na casa da filha ajudando
financeiramente no que podia ao invés de arranjar algo sozinha e viver a vida
dela. Preferiu partilhar tudo o que tinha mesmo contra o que a minha mae
poderia ter achado. Nunca a colocaram na rua e foi sempre bem recebida por nós
todos, mas todos nós sabiamos que as netas eram tudo para ela - mas era extremamente
reservada nos seus sentimentos.
Adorava ler como escrever – sabia usar o vocabulário de uma maneira brutal.
Ensinou-me a fazer tricot e crochet com a ajuda da minha mae que também é extremamente
prendada – corre-nos nas veias!
Nunca teve vergonha de vestir o que quer que seja sejam elas mini-saias ou
até mesmo de usar o famoso baton cor-de-rosa forte que sempre me recordo ela
usar. Estilo sempre teve e bom gosto também.
Muitas coisas ficaram por saber e por perguntar e, parece que nunca sabemos
tudo de uma pessoa que fez sempre parte da nossa vida. E por ter sido tao
importante na minha vida é que tenho imensas dificuldades de a largar, mesmo
sabendo que ela irá viver para sempre no meu coraçao e no coraçao de quem a amou.
Mas muita coisa aprendi e o fiz com ela: fazer o que acho que devo fazer desde
que venha de um lugar de amor, pois jamais estará errado. Ela sempre me disse
desde sempre que, acima de tudo devo
honrar o meu pai e minha mae, e verdade é que os amo de todo o meu coraçao e alma
assim como a amo a ela – A MINHA QUERIDA AVÓ! Um dia seremos apenas uma lembrança depois seremos apenas uma foto
na prateleira de alguém... até já nem isso existir!
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