11 maio 2011

MAIS UM FANTÁSTICO LIVRO LIDO

E hoje acabei de ler um livro fantástico... assim como o anterior "A Sombra do Vento" o autor Carlos Ruiz Záfon conseguiu com "O Jogo do Anjo" transpor uma ideia sobrenatural. A possibilidade de alguém poder controlar a nossa vida, sem no fundo fazer nada (ou muito), e a possibilidade de uma segunda hipótese na vida de fazermos algo de extraordinário.


O final deste livro tem uma carta. Carta que essa que transcrevo, apesar de saber que (provavelmente) ninguém a irá entender. Mas tentem ler nas entrelinhas pois diz MUITO:

"Querido David,
Ás vezes parece que comecei a escrever-lhe esta carta há muitos anos e que ainda não fui capaz de a terminar. Passou muito tempo desde que o vi pela última vez, muitas coisas terriveis e mesquinhas, e, no entanto, não há um único dia em que não me lembre de si e não pergunte a mim mesma onde estará, se terá encontrado a paz, se estará a escrever, se se terá transformado num velho rezingão, se estará apaixonado ou se se lembrará de nós, da pequena livraria de Sempere e Filhos e da pior ajudante que alguma vez teve.
Lamento que se tenha ido embora sem me ensinar a escrever e não sei por onde começar a pôr em palavras tudo o que desejaria dizer-lhe. Gostaria que soubesse que fui feliz, que graças a si encontrei um homem de quem gostei e que gostou de mim e que juntos tivemos um filho, Daniel, ao qual falo sempre de si e que deu um sentido à minha vida que nem todos os livros do mundo poderiam sequer tentar explicar.
Ninguém sabe mas, às vezes, ainda volto àquele molho onde o vi partir para sempre e sento-me durante um bocado, sozinha à espera, como se acreditasse que o senhor ia voltar. Se o fizesse verificaria que, apesar de tudo o que aconteceu, a livraria continua aberta, que o terreno onde se erguia a casa da torre continua vago, que todas as mentiras que se dissera sobre si foram esquecidas e que nestas ruas há tanta gente com a alma manchada de sangue que já não se atrevem sequer a recordar e quando o fazem mentem a si próprios porque não conseguem ver-se ao espelho. Na livraria continuamos a vender os seus livros, mais à socapa, porque agora foram declarados imorais e o país encheu-se de mais gente que quer destruir e queimar livros que daqueles que os querem ler. Correm maus tempos, e penso muitas vezes que se avizinham outros piores.
O meu marido e os médicos julgam que me enganam, mas sei que me resta pouco tempo. Sei que morrerei em breve e que quando receber esta carta já cá não estarei. Por isso quis escrever-lhe, para que saiba que não tenho medo, que o meu único desgosto é ter de deixar o homem bom que me deu a vida e o meu Daniel sozinhos neste mundo que de dia para dia, quer-me parecer, é mais como o senhor dizia que era e não como eu queria crer que podia ser.
Quis escrever-lhe para que soubesse que apesar de tudo vivi e estou grata pelo tempo que aqui passei, grata por tê-lo conhecido e por ter sido sua amiga. Queria escrever-lhe porque gostaria que me recordasse e que, um dia, se vier a ter alguém como eu tenho o meu pequeno Daniel, lhe fale de mim e que com as suas palavras me faça viver para sempre.
Com amizade,
Isabella"

Tirem daqui as vossas conclusões...

2 comentários:

Sérgio Pontes disse...

Parece ser óptimo, também gosto de ler

Paula noguerra disse...

Este livro é lindo Sério;D