28 agosto 2010

SENHOR EXTRATERRESTRE



Vou contar-vos uma história
que não me sai da memória,
foi para mim uma vitória
nesta era espacial.
Noutro dia estremeci
quando abri a porta e vi
um grandessíssimo ovni
pousado no meu quintal.

Fui logo bater à porta,
veio uma figura torta,
eu disse: se não se importa
poderia ir-se embora,
tenho esta roupa a secar
e ainda se vai sujar
se essa coisa aí ficar
a deitar fumo para fora.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá o botãozinho
e pôde contar-me então
que tinha sido multado
por o terem apanhado
sem carta de condução.

O senhor desculpe lá,
não quero passar por má,
pois você onde está
não me adianta nem me atrasa.
O pior é que a vizinha
que parece que adivinha
quando vir que estou sozinha
com um estranho em minha casa.

Mas já que está aí de pé
venha tomar um café,
faz-me pena, pois você
nem tem cara de ser mau
e eu queria saber também
se na terra donde vem
não conhece lá ninguém
que me arranje bacalhau.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho,
disse para me pôr a pau,
pois na terra donde vinha
nem há cheiro de sardinha
quanto mais de bacalhau.

Conte agora novidades:
É casado? Tem saudades?
Já tem filhos? De que idades?
Só um? A quem é que sai?
Tem retratos com certeza,
mostre lá? Ai que riqueza,
não é mesmo uma beleza,
tão verdinho? sai ao pai.

Já está de chaves na mão?
Vai voltar para o avião?
Espere, que já ali estão
umas sandes para viagem
e vista também aquela
camisinha de flanela
para quando abrir a janela
não se constipar com a aragem.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
e pôde-me então dizer
que quer que eu vá visitá-lo,
que acha graça quando eu falo
ou ao menos para escrever.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
só para dizer: Deus lhe pague.
Eu dei-lhe um copo de vinho
e lá foi no seu caminho
que era um pouco em ziguezague.

2 comentários:

Sara Martins disse...

a minha Paulinha, tem sempre razão (: obrigada pelas suas palavras, de coração <3

beijinho enorme

Paula noguerra disse...

És um amor Sarita****